terça-feira, 9 de novembro de 2010

O CRIME DA VILLA MIMOSA


Era uma vez uma cidade na região metropolitana de Porto Alegre que tinha uma péssima qualidade do ar, índices altíssimos de poluição, poucos parques e áreas verdes e uma administração municipal muito ruim. Nessa cidade existia um patrimônio inestimável, um bolsão de vida na forma de um bosque centenário habitado por diversas espécies de pássaros, que contribuía para amenizar a contaminação, o calor e a feiúra do centro da cidade, e que fazia parte de uma chácara histórica. 

Um belo dia veio uma empreiteira milionária de fora da cidade e comprou a chácara com seu frondoso bosque, e anunciou que iria construir ali torres de apartamentos, devastando as árvores, espantando os pássaros e empobrecendo a cidade de seu patrimônio natural e histórico. Mas, como esmola e isca para trouxas, anunciou sua “boa vontade” de restaurar o casarão que ali também existia, como forma de compensar (como se isso fosse possível) a destruição criminosa do conjunto histórico-cultural e natural representado pela chácara.

Quando veio a eleição, e os moradores da cidade mudaram o partido mandante, as pessoas (inclusive eu) acharam que a cidade, que se chama Canoas, mudaria para melhor. Quem defendia o meio ambiente e a qualidade de vida, e quem defendia a chácara histórica da Villa Mimosa contra a depredação pela ganância da empreiteira, acreditou que haveria bom senso suficiente para que a nova Prefeitura se negasse a autorizar o desmatamento e a construção daninha. A Prefeitura Municipal, quando Jairo Jorge assumiu, ainda não havia concedido o licenciamento definitivo, e poderia ter negociado com a empreiteira Goldzstein Cyrella um acordo para a preservação integral da chácara e seu bosque inestimável. Poderia ter oferecido vantagens diversas para a construção em outro lugar, e usado seu poder de negar a licença para desmatar aquele patrimônio, já que a legislação ambiental é clara em proibir esse tipo de absurdo. 

Mas não: Jairo Jorge preferiu seguir o modelo do PT lullista, que é o de se entregar nos braços dos empresários mais predadores e inconscientes, que estão devastando a Natureza no Brasil inteiro com a benção dos atuais “governantes”. À comunidade mobilizada, disse que “não rasgaria contrato” (que contrato??? a Prefeitura nunca teve nenhuma obrigação de dar aval para obras destruidoras!). À manifestação maciça de canoenses contra a destruição irreparável da Villa Mimosa, respondeu com a prostituição do interesse público ao interesse privado. Bem ao estilo dos covardes, no mesmo dia em que concedia a licença ilegal para a devastação, reuniu-se com lideranças da comunidade para fingir que negociava uma solução alternativa, e ainda aproveitou-se de maneira canalha dessa reunião para publicar uma foto dos cidadãos mobilizados em seu gabinete como se estes estivessem de acordo com o crime autorizado.

Em seguida à atitude absurda do prefeito, a ONG Villa Mimosa impetrou ação judicial para tentar impedir o crime ambiental e cultural. Conseguimos suspender o desmatamento por um tempo, mas a “Justiça” brasileira costuma pender para os poderosos, e a liminar foi derrubada, e logo em seguida as árvores. Vejam nas fotos abaixo o tamanho do crime cometido contra Canoas por Jairo Jorge, a Goldzstein Cyrella e seus cúmplices políticos e empresariais.

Este era o bosque centenário, maravilhoso, que queríamos salvar...

E isso é o que Jairo Jorge e seu "Secretário de Meio Ambiente" Celso Barônio autorizaram a Goldzstein Cyrella fazer com esse patrimônio inestimável de Canoas. 
 
A grande farsa depredadora da Villa Mimosa incluiu a divulgação do “compromisso” de restauração do casarão histórico que é o que sobrou da propriedade. Peço que vocês passem ali na Guilherme Schell para ver o estado em que se encontra o imóvel na data de hoje: aos cacos, como antes. No mínimo estão esperando a véspera das eleições municipais de 2012 para contribuir com a campanha do PT inventando outro factóide, outra mentira de “restauração do patrimônio histórico”, fazendo render a sujeira da destruição da Villa Mimosa para mais um aproveitamento político farsesco.

Canoas poderia ser um Município muito melhor, com qualidade de vida assegurada, nosso patrimônio natural preservado, E o crescimento econômico assegurado por iniciativas inteligentes e esclarecidas da administração municipal. Para Canoas crescer, não é preciso se prostituir à ganância dos maus empresários e empreiteiros “estrangeiros”. A morte da Villa Mimosa deve servir de alerta para que nós, que vivemos e criamos nossos filhos aqui, não deixemos que a sanha imediatista dos maus políticos como a turma de Jairo Jorge “Motoserra” e seus financiadores empresariais destrua a NOSSA cidade. 

O próximo capítulo da insanidade deles é mais uma divisão de Canoas com a mudança do traçado da RS-10 para cortar e destruir o bairro Igara. Falo disso em breve!

7 comentários:

  1. Nalu,
    é absolutamente lamentável.
    A seiva que escorre de uma árvore centenária cortada desnecessariamente, deveria ser também uma lágrima nossa.Que mundo miserável vamos deixar aos nossos filhos e netos.E quanto a estrada dividindo o Igara? Canoas já é fragmentada demais, espremida demais, sem horizontes demais. Canoas, Nalu, tinha tudo para ser bem melhor. Parabéns pela voz que tu levantas, estarei sempre de olho e participando o quanto eu possa. Sou Gerson Colombo, escritor membro da ACE e articulista e cronista de alguns jornais. Meu blog: gersoncolombo.blogspot.com

    Grande abraço,
    persevera sempre,
    Colombo

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  2. Olá, Nalu!
    Estou aguardando a tua visita, com comentários obviamente, nos meus blogs sugeridos: "ESPAÇO GÓTICO", "NO TEMPO DA CUBA-LIBRE" E !EU, XICO JÚNIOR", todos de resgate com as coisas históricas, exceção ao "Espaço Gótico", que é o desopilador.

    Até ...

    Xico Júnior

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  3. Cara Nalu, nós já nos falamos pessoalmente em outra oportunidade, lhe falei que tens um grande poder de mostrar a tua vontade de fazer algo e de não querer ficar de braços cruzados como uma parte da população eu estou com você nessa luta a favor ao meio ambiente, gostaria de saber de ainda da tempo para fazermos algo contra o projeto do condomínio que querem fazer na rua Boqueirão? se ainda tivermos o que fazer, por favor entre em contato comigo. meu nome e Gabriel Gonçalves
    Twitter http://twitter.com/#filhodecanoas
    Blog: http://www.filhodecanoas.blogspot.com

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  4. Hoje cara amiga como se já não bastasse a destruição das arvores, estão tb destruindo a casa, foi anunciado que só restara a faixada da mesma, um absurdo tão grande quando a sensação de impotencia que sinto neste momento!

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  5. Tinha melhores referências de Jairo Jorge. Moro em São Leopoldo, onde estes crimes viram propaganda ambiental administrativa. Uma fraude sem limites. Lamentável que estejamos todos nas mãos de tamanha inconsequência. Juntemos as forças na criação de alguma consciência e resistência a tudo isso.
    Daggi Dornelles
    amigos do morro do espelho - são leopoldo

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  6. Já morei nesta rua por 3 anos e nunca tive acesso ou fui recebido no belo bosque.

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  7. O fato de não ter entrado no bosque significa que você é a favor de destrui-lo? Que pensamento hein...

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