segunda-feira, 4 de abril de 2011

IPTU ECOLÓGICO EM CANOAS: A CIDADE PRECISA, OS CIDADÃOS MERECEM

Na semana passada, o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Canoas começou a trabalhar em um tema de enorme interesse para o futuro de nossa cidade - a implantação do IPTU Ecológico. A ONG Villa Mimosa, que eu presido, fez uma série de considerações sobre o tema, que quero compartilhar com meus leitores aqui no Blog para ampliar a discussão desse assunto.


A utilização de mecanismos tributários para incentivar a conservação da Natureza e a manutenção de serviços ambientais, tanto no meio rural como urbano, não é novidade no ordenamento jurídico tributário brasileiro. Em relação especificamente ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), diversos são os Municípios no país que já adotam esse tipo de mecanismo de maneira eficaz.

É fundamental ponderar, ante a reação antagônica que usualmente se verifica de início entre os burocratas dos setores arrecadatórios do Município, que a concessão de descontos percentuais para os proprietários de imóveis que se enquadram nas características desejáveis apontadas pelo IPTU Ecológico não são benesses gratuitas ou descabidas a estes. Antes, trata-se de mecanismo inteligente para que o Município possa continuar beneficiando-se de serviços ambientais essenciais à qualidade de vida dos munícipes e a sua adequada gestão e que necessitam do aporte encontrado nas propriedades privadas dotadas de tais características cuja proteção e incentivo servem ao interesse coletivo. Logo, o IPTU ecológico é um investimento inteligente do Município na manutenção desses serviços ambientais essenciais.

(Aliás, a Secretaria Municipal da Fazenda estava ausente da discussão do tema no Conselho - será que já é a turminha de Jairo Jorge e do PT boicotando mais uma iniciativa ambientalista boa para Canoas?)

Diversas são as características do imóvel urbano que podem credenciá-lo ao recebimento de benefícios na forma de descontos percentuais de seu imposto, sendo as mais relevantes:

1. Conservação de conjuntos arbóreos e/ou exemplares significativos da flora.
2. Manutenção de espaços verdes de solo permeável, permitindo a infiltração da precipitação pluvial;
3. Implantação de “telhados verdes” com funções de melhoria climática e ambiental;
4. Geração local e uso de energias alternativas;
5. Uso de aquecimento de água com energia solar; e
6. Conservação de água via captação e uso locais.


No documento apresentado ao Conselho, elencamos diversos aspectos de normas legais já em vigor em diversos municípios brasileiros e que incentivam as práticas sustentáveis nos imóveis urbanos. 



Vemos como passos fundamentais para a estruturação, discussão e –esperamos – aprovação de tal norma legal os seguintes:

1. Caracterizar as práticas sustentáveis que devemos incentivar através do sistema do IPTU Ecológico (p. ex. manutenção de arborização, permeabilidade do solo, telhados verdes, usos e conservação de água e energia);

2. Determinar os índices de desconto e eventual progressividade por características das práticas sustentáveis incentivadas, bem como, se julgado necessário, o limite desse desconto por imóvel;

3. Estabelecer mecanismos de solicitação dos descontos do IPTU Ecológico por parte dos cidadãos; e

4. Estabelecer mecanismos de fiscalização e de penalidades na lei que permitam ao Poder Público identificar e sancionar declarações fraudulentas ou descaracterização das práticas geradoras do desconto de IPTU posteriormente à concessão deste.

Foi criado, por iniciativa do Conselho, um grupo de trabalho para preparar um texto de projeto de lei e submetê-lo ao Poder Público Municipal. Será que ao menos desta vez nossos "administradores" municipais serão capazes de enxergar as necessidades de Canoas para o futuro da cidade e para a melhoria de nossa qualidade de vida?

A ONG Villa Mimosa entende que o IPTU Ecológico é um excelente mecanismo para integrar o Poder Público e os interesses privados do meio urbano para o desenvolvimento de práticas sustentáveis de gestão do espaço territorial que compartilhamos. Conheça melhor o tema, participe, posicione-se, pressione a Prefeitura e os vereadores para que o IPTU Ecológico seja logo aprovado e implantado em nossa cidade!