quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Resíduos Sólidos, Conversa Mole

(Artigo de minha autoria publicado no Jornal O TIMONEIRO de 18 de fevereiro de 2011.)


A atual gestão municipal de Canoas não gosta muito de falar em meio ambiente. Dá pra entender: sob um prefeito inimigo declarado da Natureza, que liberou a destruição do bosque centenário da Villa Mimosa para agradar a uma empreiteira, que quer destruir o Parque Guajuviras para socar lá um presídio e um distrito industrial, e que pretende acabar com matas e nascentes do bairro Igara para mudar o traçado legal da RS-10, temas ambientais são, para o PT daqui como do resto do Brasil, um “incômodo de burguês” e não uma questão de qualidade de vida e de economia inteligente.

Foi portanto uma grata surpresa ler uma entrevista do secretário do meio ambiente do Município, sr. Celso Barônio, dada à imprensa no início deste mês, em que o mesmo aborda os avanços que virão com a aplicação da nova Lei de Resíduos Sólidos, que até 2014 prevê que as prefeituras acabem com os lixões, implantem efetivamente a coleta seletiva e informem a sociedade para que ela participe dos programas de reciclagem, que serão obrigatórios para as indústrias produtoras de embalagens e resíduos reaproveitáveis de toda ordem.

O que chama muito a atenção na entrevista do secretário canoense é sua ênfase na “responsabilidade de todos” para com a redução e reciclagem do lixo. Está corretíssima a afirmação do Sr. Barônio. Infelizmente, esse “todos”, na gestão à qual ele serve, parece querer se referir apenas aos contribuintes, já que a administração municipal é um desastre total na gestão do lixo do Município. Vide, para começar, os sucessivos escândalos e cancelamentos de licitações para a coleta do lixo, deixando uma área vital da gestão municipal à mercê dos “contratos emergenciais” tão criticados antes pelo partido ora mandante, e que se prolongam por incompetência na adoção de uma solução correta do tema.

Mais grave na questão ambiental, entretanto, é o absoluto descaso com a coleta seletiva, que hoje atinge apenas uma mínima parcela de nossos bairros, como se fosse apenas uma fachada e não uma política municipal séria. Sem que a coletiva seletiva de resíduos recicláveis seja implantada desde já, não haverá como cumprir a meta de 2014 para ordenar e racionalizar a gestão de resíduos sólidos em Canoas.

Mas, como denunciam os próprios vizinhos de nosso prefeito com “p” minúsculo na rua Niterói, como melhorar a coleta seletiva de uma cidade em que nem o próprio prefeito separa seu lixo, mesmo estando numa das pouquíssimas ruas que dispõe já de coleta seletiva?

Talvez faça bem à pregação nacional sobre resíduos do Sr. Barônio visitar o bairro Niterói e ensinar a seu chefe a importância de começar em casa a reciclagem, tanto de lixo como de mentalidade, para que a gestão ambiental em Canoas não fique restrita à papagaiada dos jornaizinhos oficiais pagos com nosso dinheiro e a entrevistas demagógicas para serem lidas, talvez, por gente que não conhece nossa triste, e suja, realidade.

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